Eram dias em que haviam sobre minha cabeça densas nuvens, e um pensamento recorrente, racional, que perguntava o tempo todo, aonde estava Deus, veladamente o duvidei. Que dias!!
Foi então que sobre meus olhos saltaram o real, concreto e verdadeiro; as lembranças.
Lembrei que a minha primeira amiga, me protegia de tudo, que quando a gente jogava jogos, ela me dava as cartas por debaixo da mesa, pra que eu pudesse ter a chance de ganhar, e que ela sempre me livrava das enrascadas que a minha inocência me metia, depois de outros amigos que me faziam sentir popular (coisa que eu nunca fui), que nunca me deixavam fazer nada muito errado. Depois de outra amiga que eu podia compartilhar tudo. E de pessoas que me fizeram grandes elogios, imensos abraços, lembrei de uma a uma, cada um que passou, com seus sorrisos, com o carinho, com os presentes, com as lindas palavras que ja tive oportunidade de ouvir, e muitas vezes não mereci. Foi evidente, nunca sai de um lugar se quer, sem levar ao menos um amigo.
Presentes recebidos, memórias, que ficam guardadas no coração, dos apelidos carinhosos, eu jamais esquecerei, de gente que apertava meu queixo, gente que foi brisa leve em dias de temporal, que foi chão em dias de terremoto. Lembrei do meu pai me ensinando golpes para me defender dos perigos masculinos, e da minha mãe cuidando de cada passo meu, dos leites quentes em noite de frio, dos bons conselhos, dos colos; e do meu avô que me dizia "nunca se case com um japonês" e que me ensinava como eram as coisas a moda antiga, de quando ele tirava sarro da minha cara e me dava apelidos. Lembrei de passo a passo dos meus passos, de como foi difícil, a caminhada, mas que sempre teve um oasis no meio e meus desertos. Quis por um instante abraçar todos esses que estão em algum canto por aí. Mas senti que era regeneração dentro de mim, era quase uma ressurreição que desabrochava a fé e a esperança. Era uma separação de trigo e joio, da menina que me deixava e a mulher que parecia agora mais forte em mim. Era uma desconhecida que queria sair para fora, e conhecer seu rumo, desbravar horizontes. E ela me empurrou, e pediu perdão as meninices, e foi com coração grato que ela fez reverência ao Deus que lhe pôs lindas pessoas em seu destino e fé para vencer seus limites, e continuar, sempre, sonhar. Venceu seus próprios demônios!
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