sábado, 18 de janeiro de 2014

Ultima carta de uma amante

Está é a ultima carta que lhe escrevo, porque padeço esse caminho imenso sem você.
Como visita o meu pensamento,sem nenhuma censura vejo sua figura, tirando meu sossego e trazendo tormento a todo meu ser, sobre como você é sem jeito ao falar comigo, como não quero nenhum cortejo dos seus amigos, e como foi doce o pequeno cálice que experimentei de você. Tenho me escondido nas noites, e tomado poções para lhe esquecer, parecem não resolver. Nada faz meu mundo girar tao rápido como foi na intensidade de estar com você.

É sobre como eu tive pena de mim quando esteve a outra com você, e como me senti, e fui noite a fora a fingir, e como ainda sinto, toda vez que vejo o interesse por essa, me arrependo de ter partido por não mais te encontrar nas tardes em que estava lá. Depois penso o quão pior poderia ser.

Queria dizer nessa carta muitas coisas sobre como eu adoro esse aumentativo como lhe chamam, escondendo o nome que faz medo de  erros do passado novamente eu cometer, como eu gosto desse tudao que vi em você, nas coisas que fala, escreve ou lê, na intensidade do seu ser, e poderia falar do como odeio suas mazelas e como eu sempre tenho que ir falar com você, como me faz convites impossíveis e como eu queria atender, e você não tenta resolver, ou sobre como eu adoro o jeito que você simplifica tudo ao me ler, como me sinto ignorante diante do pouco de tudo que você parece saber. Ou como eu gosto de contar coisas banais em tardes e noite pra arranjar assunto, como queria transpor telas e te ver, e meu querer não tem feito efeito. Ou sobre como eu poderia por cores nesse seu mundo onde as noites são bem maiores que os dias, e como vejo força em você, ou ainda como eu realmente me importo como esta você, e das coisas ruins que já me disseram sobre você só fez aumentar a força de alguém que parecia comigo pra conviver.

Então na solidez de minha solidão, que resolvi escrever, com olhos inundados, voz embargada, e coração pesado, que apesar do seu sorriso me encantar, talvez essas coisas eu nunca vou poder dizer, que seus defeitos são perfeitos pra mim, tua pressa se estende ao infinito de todo meu querer, e eu tento chamar sua atenção pra ver se muda sua opção, sinto-me muda, preciso  parar, me cansei da solidão de te esperar, parece que já faz tanto tempo, longe, eu poderia escrever mais um pergaminho de sentimentos, tenho medo. Enquanto isso vou me guardar e me conter, se de nada adiantar, vai passar, eu sei outras vezes ja passei, outro alguém vou conhecer, mas não vou cansar ainda  vou continuar orar pra Deus lhe proteger.

Um beijo




sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Quintas e sextas entre outros e outras.


Lá estava ele, no bar, com seu copo na mão e eram imensas mãos de macaco fazendo parecer o copo bem menor do que suas proporções reais, pele cor de jambo. Ele se levantou do meio da sua matilha e por 10 segundos olhos no fundo dos meus olhos, sorrindo com o canto esquerdo da boca, não sei se era um sorriso, bem, ele esticou os lábios, e deixou-os tortos em minha direção, só poderia ser para mim.

E lá se foi andando, em outra direção, exalando sua testosterona idiota que me fazia mexer nos cabelos e limar olhares sem querer. Acho que o bar parou por alguns minutos com seu passeio colossal, então ele foi se movendo a fora, como o macho alfa, que queria mostrar que era, fiquei esperando a hora que ia erguer a perna e urinar em algum canto de uma árvore, mas não, ele apenas mostrou todo desinteresse com local ou com as pessoas. Embora eu achasse que uma daquelas panteras seminuas pularia em seu pescoço e o devoraria sem que ele fizesse menor esforço, impressionante como eram produzidas em série, deslumbrantes e sensuais, até o jeito de segurar seus copos alcoólicos, iguais, assim com pulso para baixo e o dedo indicador pouco inclinado para cima o que dava impressão charme, e entre altas risadas e reverencia a bebida parecendo boas companheiras para noite, ou para vida inteira como talvez quisessem mostrar, mas ele parecia não notar, apenas estava ali, como a parede e a decoração ambiente estavam, o que me fez admirá-lo ainda mais.

E com passos fortes, retornou a mesa, parou por mais alguns segundos o olhar nos meus, fazendo minhas companhias femininas entrar em um quase colapso, entre gritinhos finos e uivos alguém me disse "sorria, querida" já era tarde ele estava sentado a sua mesa, com seus ombros gigantes desenhando seu pescoço, que parecia um tronco de arvore desbotado. "Vou ao banheiro". Passei bem rápido para não parecer óbvia, e por entre meus finos e longos fios de cabelos vi aquele amontoado de bíceps, tríceps e sei lá mais como chamam, mexendo, sou louca, corri banheiro a dentro.

Olhei no espelho e vi que estava tudo nos conformes, apenas aquela minha cara de sempre, pouca maquiagem e um cabelo que não era nem liso nem cacheado, nem loiro nem moreno, magra, mas nem tanto, alta, e com preguiça de usar saltos, por  instantes me arrependi dos trajes, minha calça era meio desbotada o que me pareceu desleixo naquele momento, já que não me parecia com ninguém que estava ali, mas mesmo assim eu me sentia muito bem.  Coloquei todo cabelo, que não era pouco, só de um lado e respirei fundo e lá fui, entre um pequeno sorriso sai, o bando deles era barulhento. Passar por eles foi como estar do outro lado de uma parede tentando ouvir uma conversa secreta de cochichos alheios, mas eram altas risadas e meios palavrões, para provar que eram todos másculos o suficiente.

E dali a algum pequeno espaço de tempo sua armadilha lançada, de novo em pé, agora eu dei uma longa risada, a lua se apagou mais uma vez para mostrar o brilho do rosto torto dos olhos fortes, da altura bem elevada, porque será que ele precisava de tantos atributos,  todos juntos em só corpo, era por acaso algum nelore, deve ter algo de errado, deve ser mudo, meio surdo, falar apenas em inglês, ou ser um desses a procura de uma burra de fácil manipulação, pensei comigo, com certeza, são apenas músculos fabricados em alguma academia, na certa só fala sobre futebol, mulheres e carros de motor ensurdecedor, vai procurar uma fêmea que lhe mostre o quanto ele é bonito, sedutor e inteligente, não pelo excesso de bagagem cultural dos livros lidos, mas pela falta dela, dando a chance de seu ego crescer um pouco mais, mais?

E enquanto meus olhos estavam distantes a pensar nessas tolices todas, sem ao menos dar a chance daquele pobre sujeito se argumentar exalei todo meu preconceito baseado nas experiências anteriores, mas ficou só em minha mente, ele estava próximo, causando grande alvoroço nas cadeiras ao meu lado, trouxe-me uma bebida forte dessas que não bebo, pensei em aceitar, mas como de costume fui o que sou, pois nunca soube ser outra coisa, continuei bebendo de canudo.

Enquanto ele falava seus lábios grossos e de alguma cor que nunca vi em pantone  algum, seus olhos eram estrangulados entre suas maças perfeitas, olhos tristes de um cachorro quando pede algo no pé da mesa, o que me fez ter vontade de fazer algo por ele, pois olhando nos olhos dele parecia um solitário da noite era olhar triste, pensei que ele fosse chorar a qualquer momento, eu fiquei esperando lágrimas dos seus olhos famintos, não pude fazer nada, nem ao menos consolar, mal podia falar, estava atenta a todos os detalhes, suas mãos quentes passavam várias vezes no jeans escuro que encobria as pernas que sustentava tudo aquilo, e uma só mão dele daria volta no meu rosto inteiro, acho que não uma vez só, ele poderia me esmagar com aquelas mãos de macaco em um só golpe, me senti frágil perto da sua voz grossa, rugido de um leão, o ar que ele respirava era mais pesado que o meu, pois os peitos dele se enchiam muito mais alto que o comum, e ele ali sentado no banco de algum bar com uma bebida cara na mão tentando me convencer de alguma coisa que nem sei bem o que era, mas que fazia parecer toda aquela cena de filme que sempre acaba no mesmo lugar, eu já tinha lido ele e dessa vez não era preconceito, era forte como um touro, e sua manada estava ali a observar sua atuação de reprodutor, eu não sabia se agraciada era pela escolha, fiz leituras muito rápido pois estava cansada de cascas poderosas e impenetráveis dos grandes formidáveis sujeitos homens agindo como um mero representante de sua espécie, feito inteiro para perfeita sedução, eu era moça muito esperta ao meu ver, e pensei, melhor é nem pensar, só olhar o que se mostra e me contive ao interpretar, fingindo novidade seus bonitos elogios a noite seguiu em passos largos deixou telefonemas para amanhã.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

D'alma

Oh minh'alma porque estás presa a este corpo vil? Se o mundo te pariu como filha da luta, porque te agarras e essa casca pecadora, que limita tuas andanças, porque te faz morada se sabes que apodrecerá no breve espaço do tempo. Que tão divina és, abandona essa carne imoral.

Tu que não te limitas a espaço físico nem ao impossível sonhar. E me frustra a cada precaução que me faz esquecer de tomar, és demasiadamente visceral para um pobre corpo mortal.

Parta na noite alma minha, não faça nenhum barulho, vá para longe, voa no seu destino, dance e saia sorrindo, vá te libertar, vá depressa visitar onde o desejo está. Me alivia dos teus grandes anseios, que meu coração pulsa por entre os seios, e já não posso respirar.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Cigana felina

Não é sempre, mas algumas noites quando digo nunca mais, encontro paz, mesmo querendo, muito, é só medo do óbvio, a falta da reciprocidade, ai vem o nunca, que talvez pode ser pra sempre, nunca sei, raramente depende de mim.

Que se eu escrevo dou voz ao meu silêncio. E quando minha saudade ganhar um nome, será melhor sinal que meu coração ganhou um dono.

Por onde eu passo eu jogo sementes da amizade, se não florescer não foi minha falta, é porque alguém não soube colher os frutos, mas é inerente a minha vontade, vou a onde flor, jorrando amor. Me importam as questões alheias, eu gosto de conversas longas, histórias, de gente que sente também, me aproxima do humano e me enche de sentimento divino.

No meio da madrugada eu sinto a brisa da leveza, no brilho da lua, ou nas chamas das estrelas, bebo copos de pessoas, em conversas demoradas, por entre olhadas e risadas, bebo noites na calada. Se vejo sol nascer, sinto florescer dentro de mim a esperança de uma criança inocente acreditando na bondade de dias infinitamente melhores e suaves pra viver, reparo na paz dos pássaros a plainar, no seus assobios orquestras pra um novo embalo de uma balada bem diferente, nas cores do céu a pintar, meus olhos doem, me calo, muita vida há.

Amo esse céu vasto que Deus me deu, assim de graça sem cobrar imposto olhar na claridade ou no breu. Se é de noite eu grito, "OH Lua ponha-te nua, faça a minha noite pelas ruas com brilho teu, me banha da tua elegância e me veste do teu resplendor, faz da noite um beijo de amor"; mas se é dia eu grito ao sol "Oh, grande raio de imensidão faz me iluminar como a ti, da-me a tua alegria de ser dia por onde eu passar"; e se chove dispo-me na rua: "Chuva me banhe de vida e leva tudo embora, lava minh'alma vida a fora, dá me teu poder de florescer, de irrigar, de acontecer."

E dias e noites ruins não quero deixar para mim, não se pode evitar o inevitável, mas poupo-me do sofrimento, que eu tenho sonhos grandes demais, pra não vê-los em fatos reais.




terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Já-nelas

Janelas, de que me servem sem ter aonde repousar os olhos. Em algum lugar está escrito que os olhos são a janela da alma, em lugares fechados a alma não passeia, esperneia.
Trancada na clausura sinistra de ser parte de um depósito de coisas vendáveis, ociosamente repousava.

 Escadas são muito úteis, nos levam degraus à cima, mas janela senhores, janelas são fundamentais, um lugar sem janela é um abismo profundo, calabouço das retinas, é um copo de veneno do embalo tímido da treva. É um coração fechado a não provar qualquer sensação, campos limitados, é como nunca amar ninguém ou não ter o amor de alguém. São memórias que se apagam de restos de noites que deixam marcas eternas em nossas vidas, são folhas de registros queimadas, portas fechadas, de um impasse de mentiras mal contadas, pega no tropeço de um dia de regressão. Senhores arquitetos, doutores Engenheiros, construam mais janelas com ampla visão, pode ser a velho reboco, mas não limite o criativo da visão, seja no chão ou no teto, deem espaço a criação.
Assim peço ao construtor, quando mandar o próximo amor, que não seja essa frágil flor, que não esteja presa no tumba do ciúme violento, ou da tortura de um eterno lamento, por favor não se esqueça delas, lembre-se desse pedido, coloque na casa as minhas amigas: janelas.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Genesi ao Apocalipse

No princípio da criação do pó Deus fez Adão, deu-lhe corpo, capacidade cognitiva, mente criativa e colocou-lhe emoção. Mas Adão foi feito homem, e sentiu solidão, o que prova que até o paraíso solitário não é grande atração. Sua tristeza encheu o coração de Deus de compaixão.

E Deus na sua sabedoria deu-lhe uma poção, cortou as costelas, e fez uma mulher magrela, assim imaginei, formatou suas curvas, cabelos compridos, também encheu sua cabeça de questões, criatividade e sensibilidade. E deu de presente a Adão, e lá iam eles, orquestrando o Édem com suas risadas e colorindo o paraíso dos seus sorrisos. Como dois tolos comuns e apaixonados.

Mas o amor é coisa frágil, tem que tomar muito cuidado, não se pode esquecer de quem se é, nem por um homem, nem por uma mulher.

E pelo jardim passeavam, um por lá outro a cá, entre florestas, flores e bichos, Eva cruzou com a danada, a serpente devia ser uma bicha mal amada, conta a história que estava influenciada, mostrou o fruto e prometeu, se comer o proibido, satisfaz teu libido, vira maior que Adão e torna-se o "deus" da relação, Eva ficou amedrontada, procurou seu companheiro, pra saber dele primeiro. Adão vergonhosamente mostrou-se um bundão, fez nenhuma oposição e deixou a Eva assumir a posição.

Eva queimou seu sutiã, e Adão que antes passava as tardes na companhia de Deus, agora sentava-se em um divã. Escolhendo morar na terra ambos se retiraram voluntariamente do paraíso, interior. E Adão quer era um homem acompanhado, agora sentia-se solitário, esmagado entre estar longe de seus princípios, e fora do paraíso, tinha saudades da Eva, de sentar-se as margens de cachoeiras ao lado de Deus e sua companheira. Mas agora era só mais um grosseirão, beberrão, que rolava as noites de bar em bar, a espera de boas risadas e amigos a acompanhar, Eva não queria homem assim, provou o fruto da independência, apesar das sua carência, era moça de boa aparência, esperava melhor opção.

Passava as tardes envolvido com seu novo trabalho, atualizando suas redes sociais, e procurando qualquer coisa que o fizesse popular, pra ver se algum dia, acabava sua agonia, saudade se ia, Eva aparecia, pra assistir filme bonito a dois, pra dar nome a novos bois, a novos bichos... Adão pedia a Deus dá-me minha costela, ou me tira outra e faz outro "ela".

Ele cantava assim: