segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Caspitaislismo

Aos de hoje que não vem de navio negreiro, e com sua alforria conquistaram seu salário de fome, alguns de até barriga cheia. E são os finais de expediente que me fazem repensar, no que esses homens estão a perder a conquistar, para traz ficam seus sonhos, seus amores, as coisas que realmente lhes importam, e não sabem. Pobre desses homens que passam a vida colecionando suas derrotas pela chance de quem sabe bem aposentar. Pobre, daqueles que tentam enriquecer, o preço que pagam é alto de mais.

Eu me lembro dos meus chinelos, sou apaixonada por chinelos, e lembro de como ele se importava, incomodava, suas unhas, meus chinelos, você queria ficar rico e eu apenas ser feliz com meus chinelos, você dizia que eu era insana e sonhadora, que eu precisava acordar pra realidade, abra os olhos veja a verdade e no apocalipse disse-me que jamais encontraria ninguém igual. Mas eu achava que você vendia colchoes pros outros descansar, e mesmo assim eu nunca quis mudar nem um fio daquela sobrancelha perfeita que tanto lhe importava, por mim que fosse seu. E pobre de você que não lia livros, que pouco viaja, que prefere pessoas importantes a bons amigos. E pobre de mim, que a sei a que vim, vim pra ser feliz e espalhar poesia, não posso morar nesse lugar.

Nas lavoras os trabalhadores plantam e não podem colher, semeiam e para quem? Quando foi que os nativos das terras perderam assim? Quando foi que eles pararam de viver? Sem pesar eu lhes pergunto, quando foi que embruteceu seu coração, quando é que o gênero virou competição, mesmo tendo cada um sua função, quando foi que o sexo fez sentido sem amor, e porque os dias são mais belos que as noites, quando foi que o gosto pelas coisas virou desimportante? Me diga, me explique, quando foi que eles se esqueceram do que gostavam de fazer?

Em tempos de afinidade com sistema, é que me firmo, e afirmo, ser apaixonada pelo que se faz, sobretudo pela vida soa como crítica social.

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