quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

A Visita


António Gomes Leal, in 'Claridades do Sul' 

Hontem dormia à noute - e, eis que desperto 
Sacudido d'um vento agudo e forte, 
Como um homem tocado pela Morte, 
Ou varrido d'um vento do deserto. 

Accordei - era Deus, que de mim perto, 
Me dizia: Alma sceptica e sem norte! 
É preciso que creias e te importe 
Adorar o Deus Uno, Eterno, e Certo! 

É preciso que a fé cresça em tua alma 
Como no inutil saibro a verde palma, 
Verme! filho da Duvida--Eis-me aqui! 

Eu sou a Espada o Antigo, o Omnipotente! 
Crê barro vil! - Mas eu, descortezmente, 
Voltei-me do outro lado e adormeci. 

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