Era o princípio de um novo início, sem compromisso com o velho, era um botão de rosa esperando para desabrochar, era uma pétala que se soltava de uma flor, e um metal que emitia um som que vinha de muito longe.
No silêncio das almas, habitava uma brisa celeste que cobria qualquer olhar com névoa um trabalhador compenetrado, em seu ofício, havia uma queixa dentro de si, uma força adormecida, que não advinha de seus músculos, seu pensamento sobressaltava, tudo que era pra viver, a fantasia do que gostaria ser. Era mais do que realizava, era o sonho que tinha, e o sentimento que sentia.
Pensava no barco que chegara, sem identidade ou documento e se via como ele, ele vinha colecionando derrotas ao longo espaço de tempo, era apenas ele, e nada lhe importava alem do que era. Um homem e um barco abandonado a beira do cais, sem destino, só o curso do rio lhe daria um destino, aonde isso iria dar?
Arrumava sua rede de pesca, e pensava na morena que lhe tirou sossego, uma lagrima banhava seu rosto umedecido de suor, já não iria fazer diferença alguma misturar todos líquidos que seu corpo poderia produzir. É que a tragédia é bela nos romances e nos contos de fada, quanto a ele, só tinha um barco vazio de lembranças, e partiria antes que encontrasse um outro dono. Sem cabo na nau, qualquer sopro se tornaria seu guia. Por um instante sentiu-se sortudo por ter um novo destino para perseguir, pela chance de um recomeço, mas estava muito partido para qualquer sentimento bom tomasse seu coração.
Morte, essa senhora cruel, que rouba os sonhos das pessoas, levou sua esperança, e os ventos pareciam errar a direção. Não era a primeira vez que a foice lhe furtava, era um homem de perdas, quando morre alguém que a gente ama, alguma coisa dentro da gente morre um pouco também. Era um pescador de sonhos que nasciam mortos, sentou-se para observar as ondas, e ele se sentia um pouco em putrefação, e viu a flor murcha caída no chão, e sentiu raiva, da coisas que não são eternas, da fragilidade da vida. Um beija-flor pousava na morte como se sentisse a falta da vida que ali existiu, e tudo parecia soar como menção daquilo que vivera, era um sinal, ou qualquer coisa pra lhe atingir, ou qualquer punhal atracado em seu peito, apenas vinha tudo como deboxe. Acendeu seu cigarro de palha guardado atras da orelha, e pulou no barco, o beja-flor sentou-se ao seu lado, os dois se olharam e entenderam sua dor, por isso naufragaram rio a fora, o beija-flor e o homem com voo recolhido, com coração partido.
Algum dia ouvi falar, que nunca se viu ninho mais bonito do que esse que foi construído, em uma ilha distante. O passarinho que era tão pequenino, dedicou seus dias para ensinar um homem sem asas voar, e o homem que era forte meticulosamente ensinava o beija-flor construir e sonhar. . . As marcas do passado, eram uma tatuagem cicatrizada, que os tornavam cada vez mais belos, quando encontraram dentro a vida, e o privilégio das boas lembranças de um grande amor de verdade. A felicidade é mesmo coisa muito simples, e rara pra quem consegue entender, que um pedaço de pão não precisa ser só um pedaço.
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