sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O inominado

Quando eu tiver um filho, nunca pensei a respeito do sexo, nem do nome, mas quando eu tiver um filho, não sei daqui a quanto tempo, nem em qual lugar, só que quando eu tiver um filho, não sei ainda quem vai ser o pai, só sei que não planejo produção independente, porém quando nascer meu filho, quero ensinar tudo diferente.

Vou ensinar ele a dizer, diga meu filho, sempre diga o que sente. Não guarde, seja honesto contigo mesmo, e vou castigá-lo toda vez que não disser. Não roube, não mate, não faça mal a ninguém, e sobretudo nunca faça mal a você mesmo, sempre diga o que sente! Não seja boba como sua mãe um dia. Vou ensinar a prática aos poucos, um exercício diário, se ele tiver irmãos (não pretendo) vou fazer ele dizer, tudo. Pode parecer meio déspota, mas não é, é como toda mãe que protege seu filho da dor e do sofrimento com unhas e dentes, pois basicamente sofremos por nos calar, quando na realidade devíamos falar, qual o mal em dizer: "olha eu gosto tanto de você.", não há mal, nós temos medo do risco de ouvir um simples "que bom eu também", apenas educadamente, mas vazio de verdade, e na verdade o que estamos fazendo, é dilacerar nosso peito é não dizer nada e também nunca ouvir, deixar passar, deixar morrer, o tal do deixar acontecer, e quando se deixa, nada acontece.

Pois então direi ao meu filho, e serei severa com esse ensinamento, "ai de ti, se descumprir essa ordem, seja corajoso, e não orgulhoso!" 'Como é a pessoa que você queria conhecer? Então esse meu filho, é a pessoa que você deve se tornar, trabalhe nisso! Quando der tudo errado, quando você disser o que sente, e não houver recíproca, não pense que está tudo perdido, acalme-se, respire fundo, e recomece, sabendo que é melhor um não do que um talvez. Aliás o Não é libertador, um não bem dito dá até sono, eu sempre fui boa com nãos, quando eu não quero, digo objetivamente: não. Não é divino, solta as amarras que prendem as pessoas, daquele que pronuncia e aquele que ouve. O sim, é lindo, quando dito assim com veracidade, sim é muito legal de ouvir, muitas vezes por medo ou orgulho eu não disse, e já aprendi, não diga não quando quiser dizer sim. Já o talvez, é feio, é uma indecisão que faz pelo menos uma das partes ficarem na espera de algo que pode nunca acontecer, esse sim é uma prisão, talvez é a palavra mais muda que o ser humano já inventou, e mais rude também.

Mas quanto ao meu filho, ah meu filhinho! Vai aprender desde pequenininho que amor é sentimento de dentro, mas que só vive pra fora, não subsiste a clausura do peito, é livre, não mata, mas devora,  pode ser eterno, infinito e bem bonito, mas infelizmente morre se a gente ignora.

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