quinta-feira, 3 de abril de 2014

GÊNIO COTIDIANO

Sou poeta do absurdo, e o absurdo abusivo da vida.
Sou vida, sou tudo que dizem que sou, porque não sou o que eles são, então eles dizem, afinal eles não sou, nem eles me são, eu acho que eles estão perdidos nos meus destinos, curiosos em saber o que não sou e aquilo que justificam que sou pra tentar me convencer. Mas é verdade eu sou o que não dizem que sou.
Me emociono com improvável, e desdenho das provas concretas quando elas fazem muito sentido, o sentido não pode ser simples, se não deixa de fazer sentido, ou deixa de ser excitante. Gosto do insensato, do tato e suas porções de sentimentos resvaladas em palavras escritas ou faladas.
Diversão é fundamental, aliás, eu gosto mais do que a maioria das pessoas que conheço, mas não acho que a vida se resuma a isso, noites divertidas, festas bem curtidas, aliás não acho que a vida se resuma a nada, porque não há resumo capaz de fazer qualquer mera associação a essa que  apesar de comum a todos, seja inexplicável em sua essência.

Tenho apreço pelo artista que sente a sensação do invisível, que tateia o verbo não compreendido e que nutre sua alma do divino, o que não compreendo são esses que classificatórios, subdividem sentimentos e pessoas por categorias que eles criaram para definir o universo singular de cada indivíduo. Esses que se casam, no papel, mas não no real, que usam aliança no dedo e não no coração, que se vetem com roupas caras mas que tomam atitudes de gente barata, que não são em público, mas no reservado se mostram, covardes, que julgam as escolhas, esses que não choram nunca, nunca de verdade, mas apenas com a finalidade de esconder o que seus olhos o tempo todo querem dizer, são fortes, nunca desabam sua emoção, não, eu não entendo você, e nem quero!

Se há olhares que resumem, há visões que ampliam e exemplificam o infinito de ser sem precisar explicar o que se é, ou se sente. Aos poetas que dizem sobre os focinhos melosos de cachorros, aos que não sabem descrever nada, mas levantam todos os dias pelas manhãs para conquistar seus sonhos; os poetas do dia-a-dia, aos que amam suas mulheres e seus esposo, seus namorados, escritores de um romance real; aos que prezam mais pela verdade de ser do que pela vontade de parecer com o que se não é, a todas as mães que justificam seus títulos de melhores com cuidado e devoção; e aos pais que são proteção, aos que lidam com a diferença com indiferença sobre essa, malabaristas da intuição; sim a esses apaixonados pela vida, pelos princípios e a cima de tudo, fiéis a si mesmos, minha profunda admiração e respeito, a eles saúdo, com as melhores palavras já criadas, que mal sei usar. Pouco sei, é uma humilde afirmação, honrosos, sãos estes que estão apreciando o bom sabor da vida, que estão vivendo de fato, estes são os que saem amar, estes que fazem o amor, e só a estes sou capaz de amar!



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